
O Mapa
Fernando Fiúza
Há quem perceba no mapa
geográfico de Alagoas
o formato de um revólver.
O lado externo do cabo
é de esmeralda corrente
e um morno colar de areia;
O de dentro, também verde,
de canaviais e mangue,
lagoa, riacho e rio.
O cão seria em Penedo
e a mira na Paulo Afonso
onde Delmiro se fez.
O lado externo do cano
é também feito de água
cansada do São Francisco.
O gatilho mais preciso
presisamente em Palmeira
- ou seria em Quebrangulo?
Searas gracilianas
- agrestes de talo e prego,
rifle, cinema e calor.
Mas não foi arma que vi
no mapa das Alagoas,
foi um alvo negro e úmido.
A virilha da direita
é de esmeralda corrente
e um morno colar de espuma;
Da sinistra sabe o rio
que dá diamba e melão
e na foz fez um deserto.
Sob os pelos afiados
- palha de cana e caatinga
- dorme uma carne macia.
- Pedra mole e massapé –
sangue velho, muita rima,
rendado, ostra e espelho.
Mas a greta é imprecisa:
Paraíba ou Mundaú?
Neste aí Jorge de Lima
na leda da margem porosa
fundou seu mundo de luz
sob as mangueiras em flor.
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